Por Matheus
Sirena
A Fundação Iberê
Camargo, idealizada por Maria Coussirat Camargo, viúva do artista, apresenta nesse ano do centenário de Iberê, uma exposição com pinturas e desenhos do
artista nos anos de 1980, uma das mais importantes fases de sua carreira.
Autorretrato 1984
Óleo sobre madeira, 35 x 25cm
Coleção Maria Coussirat Camargo
Fundação Iberê Camargo
Foto: Fábio Del Re
Iberê sempre
atribuiu forte carga pessoal à suas obras, embora inicialmente não tivesse muitos
seguidores nesse caminho. No final da década de 1970, notava-se a inserção da
figura humana nas suas telas, muitas vezes como autorretrato. Até então, ele costumava retratar paisagens, naturezas-mortas e memórias da infância através
de objetos como seus “carretéis”.
Iberê era
considerado pelos críticos um moderno tardio, em seu retorno a capital escreveu
que “Não há mais passado, presente e futuro. Só o tempo, único”.
Carretéis Com
Figura, 1984
Óleo sobre tela,
55,3 x 109,7cm
Coleção Maria Coussirat Camargo
Fundação Iberê Camargo
Foto:
Luiz Eduardo Robinson Achutti
Após vinte anos
de "desmaterialização do objeto artísitco" com as performances, a arte conceitual
e as instalações, na década de 1980 houve uma retomada com o surgimento de uma
pintura jovem e contemporânea de forte apelo subjetivo. Nessa fase Iberê se
tornou referencial para jovens artistas como Jorge Guinle, Nuno Ramos, Paulo
Pasta, Karin Lambrecht e Daniel Senise.
Embora já tivesse
prestígio, sempre esteve fora da corrente de seu tempo, com seu aspecto
nostalgico, e sua carreira circundava debates estéticos. No entando, nessa fase
conhecida como “a virada” ou mesmo “a volta a pintura”, iberê tornou-se figura
central tanto para críticos como para jovens artistas, passando a ser uma
referência “obrigatória” enquanto orquestrador de uma tendência atual e jovial.
Essa é justamente a passagem retratada na exposição em questão, que tem como
curador, o filósofo e crítico ítalo-brasileiro Lorenzo Mammì.
Pintor e
manequim, 1986
Óleo sobre tela,
132 x 92,8 cm
Coleção Maria Coussirat Camargo
Fundação Iberê Camargo
Foto:
Fábio Del Re
Organizada de
forma sistêmica, a exposição destaca em seu início a obra sugestivamente
entitulada “Pintura” (1979) que marca o aparecimento ainda que preliminar da
forma humana. A presença de fragmentos de figura humana alterou o modo como o
artista se expressava no início de sua carreira, trouxeram a relação entre
personagens e objetos.
Além das pinturas e desenhos a exposição traz o filme
“Iberê Camargo: Pintura pintura” e a reprodução do conto assinado pelo artista:
“O relógio”.
Outono no
Parque da Redenção I, 1988
Óleo sobre tela,
65 x 92cm
Coleção Maria Coussirat Camargo
Fundação Iberê Camargo
Foto: Luiz
Eduardo Robinson Achutti
As Horas é a
primeira exposição voltada a Iberê no ano de celebração de seu centenário. A
programação da FIC (Fundação Iberê Camargo) seguirá inclusive com mostra em São
Paulo.
Serviço da exposição:
Onde:
Fundação Iberê Camargo. Porto Alegre, Av. Padre Cacique, 2.000.
Início:
29 de março de 2014
Término:
09 de novembro de 2014
Horários
de visitação:
- - quinta das 12h às 21h
- -sábados às 11h às 19h
- - segunda fechado
Entrada gratuita!
Atendimento ao
público: 10-17h.
Tel [55 51]
3247.8001
educativo@iberecamargo.org.br
Site da FIC: http://educativo.iberecamargo.org.br
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