segunda-feira, 26 de maio de 2014

Obsessão Infinita


Por Karoline Stein

Painel com os anos de vida de Yayoi Kusama e respectivos acontecimentos

Obsessão Infinita é a primeira retrospectiva da obra de Yayoi Kusama a ser apresentada na America Latina. A exposição, localizada no Instituto Tomie Ohtake em Pinheiros, faz um levantamento profundo das obras da mais proeminente artista japonesa viva, através de mais de 100 peças, desde os anos 1950 até 2013. Com pinturas, obras em papel e esculturas; à vídeos, slides e instalações, Obsessão Infinita traça a trajetória desta personagem rebelde do âmbito privado ao público, do estúdio para às ruas.

Painel de entrada da Exposição Obsessão Infinita 

      A prática pictórica de Kusama deu lugar à esculturas flexíveis, chamadas de "Acumulações" - objetos de uso diário (como sapatos, bolsas, cadeiras, etc) cobertos com elementos de pelúcia semelhantes a falos (a chamada série "Obsessão Sexual" por exemplo). Da forma serial e repetitiva em que estes objetos insólitos quase idênticos são posicionados, fazem alusão ao aspecto que caracteriza o Minimalismo e a Arte Pop, mas ao mesmo tempo são expressões autenticas da compulsão da artista em repetir atos e suas fixações psicológicas.
[Desejo pela Morte]
1975-1976 Tecido estofado e costurado, objetos, tinta
Cortesia Yayoi Kusama Studio Inc.


Untitled [Sem título]
1962-1963 Dez pares de sapato de salto alto, formas de tecido estofado, tinta branca
Coleção particular.


      Desde 1977, Yayoi Kusama vive voluntariamente em uma instituição psiquiátrica, e o caráter psicológico pronunciado de suas obras sempre foi acompanhado de uma série de inovações formais e reinventes que lhe permitem partilhar sua visão singular com um publico amplo, por meio de um espaço infinitamente espelhado e das bolinhas obsessivamente repetidas pelas quais se destaca.
Outras obras/Instalações:


[Estou aqui, mas nada]
Instalação em sala escura com móveis e acessórios do cotidiano doméstico

Sala com bolas gigantes cor de rosa, onde os visitantes podem passear pela instalação

      Um dos destaques da exposição é a sala com paredes e móveis brancos, em que cada visitante recebe uma cartela de bolas coloridas para decorá-la - o que resulta em uma obra de arte com a interação do público.


      Nas recentes obras apresentadas ao Brasil, a que mais me agradou foi a sua maior sala espelhada ate o momento, Sala de Espelhos Infinitos - Cheia de Brilho da Vida (2011), onde a artista renovou o contato com seus instintos mais radicais em instalações imersivas e peças colaborativas que a tornaram, justamente, a mais celebrada artista viva do Japão. Nesta sala, rodeado por sua própria imagem espelhada e por uma infinidade de bolinhas coloridas e pulsastes, o observador tem a sensação única de estar ao mesmo tempo em toda parte e em lugar algum - uma experiência intensa da despersonalização e desmaterialização que Kusama denomina "Obliteração":

[Sala de Espelhos Infinitos - Cheia de Brilhos da Vida]  2011
Yayoi Kusama em sua Sala de Espelho Infinitos






Curadores: Philip Larratt-Smith e Frances Morris

Serviço da Exposição:
INSTITUTO TOMIE OHTAKE
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Corupés)
Pinheiros, São Paulo
Telefone: 11 22451900
www.institutotomieohtake.org.br

22 de maio a 27 de julho de 2014
Terça a Domingo, das 11 às 20 horas
Entrada gratuita.


Iberê Camargo: As Horas [o tempo como motivo]


Por Matheus Sirena





   A Fundação Iberê Camargo, idealizada por Maria Coussirat Camargo, viúva do artista, apresenta nesse ano do centenário de Iberê, uma exposição com pinturas e desenhos do artista nos anos de 1980, uma das mais importantes fases de sua carreira. 




                                                                  Autorretrato 1984
                                                                                   Óleo sobre madeira, 35 x 25cm
                                                                                   Coleção Maria Coussirat Camargo
                                                                                        Fundação Iberê Camargo
                                                                                             Foto: Fábio Del Re


  A exposição celebra cerca de 40 pinturas e desenhos do artista no período em que ele retornou a Porto Alegre, e sua carreira foi marcada por uma grande mudança.
   Iberê sempre atribuiu forte carga pessoal à suas obras, embora inicialmente não tivesse muitos seguidores nesse caminho. No final da década de 1970, notava-se a inserção da figura humana nas suas telas, muitas vezes como autorretrato. Até então, ele costumava retratar paisagens, naturezas-mortas e memórias da infância através de objetos como seus “carretéis”.

   Iberê era considerado pelos críticos um moderno tardio, em seu retorno a capital escreveu que “Não há mais passado, presente e futuro. Só o tempo, único”. 




                                                  Carretéis Com Figura, 1984
                                                                   Óleo sobre tela, 55,3 x 109,7cm
                                                                
Coleção Maria Coussirat Camargo

                                                                   Fundação Iberê Camargo

                                                               Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti


   Após vinte anos de "desmaterialização do objeto artísitco" com as performances, a arte conceitual e as instalações, na década de 1980 houve uma retomada com o surgimento de uma pintura jovem e contemporânea de forte apelo subjetivo. Nessa fase Iberê se tornou referencial para jovens artistas como Jorge Guinle, Nuno Ramos, Paulo Pasta, Karin Lambrecht e Daniel Senise.

   Embora já tivesse prestígio, sempre esteve fora da corrente de seu tempo, com seu aspecto nostalgico, e sua carreira circundava debates estéticos. No entando, nessa fase conhecida como “a virada” ou mesmo “a volta a pintura”, iberê tornou-se figura central tanto para críticos como para jovens artistas, passando a ser uma referência “obrigatória” enquanto orquestrador de uma tendência atual e jovial. 

   Essa é justamente a passagem retratada na exposição em questão, que tem como curador, o filósofo e crítico ítalo-brasileiro Lorenzo Mammì.

                                        
                                                     Pintor e manequim, 1986
                                                                            Óleo sobre tela, 132 x 92,8 cm

                                                                          Coleção Maria Coussirat Camargo

                                                                              Fundação Iberê Camargo

                                                                                    Foto: Fábio Del Re


   Organizada de forma sistêmica, a exposição destaca em seu início a obra sugestivamente entitulada “Pintura” (1979) que marca o aparecimento ainda que preliminar da forma humana. A presença de fragmentos de figura humana alterou o modo como o artista se expressava no início de sua carreira, trouxeram a relação entre personagens e objetos.     
   Além das pinturas e desenhos a exposição traz o filme “Iberê Camargo: Pintura pintura” e a reprodução do conto assinado pelo artista: “O relógio”.


                                        
                                            Outono no Parque da Redenção I, 1988
                                                                                 Óleo sobre tela, 65 x 92cm

                                                                            Coleção Maria Coussirat Camargo

                                                                                   Fundação Iberê Camargo

                                                                           Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti



As Horas é a primeira exposição voltada a Iberê no ano de celebração de seu centenário. A programação da FIC (Fundação Iberê Camargo) seguirá inclusive com mostra em São Paulo.








Serviço da exposição:

Onde: Fundação Iberê Camargo. Porto Alegre, Av. Padre Cacique, 2.000.

Início: 29 de março de 2014
Término: 09 de novembro de 2014

Horários de visitação:
-            -terça à domingo das 12h às 19h
-           - quinta das 12h às 21h
-            -sábados às 11h às 19h
-           - segunda fechado

Entrada gratuita!


Atendimento ao público: 10-17h.
Tel [55 51] 3247.8001
educativo@iberecamargo.org.br

Site da FIC:  http://educativo.iberecamargo.org.br